Grupos de Siriri, cururu e dança do congo

Os Grupos de Siriri e de Cururu são fortes expressões populares da cultura mato‐grossense. São tradições seculares de origem indígena que ocorrem nas comunidades rurais dos Pantanais e dos Cerrados. Estas danças têm a viola‐de‐cocho como elemento essencial. Este é instrumento musical singular, produzido exclusivamente de forma artesanal, utilizando de um tronco de madeira inteiriça, esculpida no formato de uma viola. Teve seus modos de fazer relatados no livro de registro dos saberes e, foi reconhecida como patrimônio cultural brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2005 (ROMANCINI, 2005; IPHAN, 2009).

Em MT, o Siriri é dançado por crianças, homens e mulheres que vestem roupas coloridas e, em rodas ou fileiras formadas por pares. A origem é atribuída às danças indígenas, o seu ritmo alegre e movimentado é obtido por meio de uma ou mais violas de cocho, do ganzá e do mocho. O cururu é uma dança dos homens que, em roda, cantam ao som de violas de cocho e ganzás. Os versos, com improvisações e repentes, são elaborados na hora e ressaltam temas religiosos e outros assuntos que envolvem as belezas naturais de MT (ROMANCINI, 2005).

Os Grupos de dança do Congo têm predominância masculina. A dança tem origem africana e representa uma luta simbólica entre dois reinos africanos por questões territoriais: congo e bamba. É uma expressão artística de forte caráter devocional.

Ocorre nas cidades de Vila Bela da Santíssima Trindade (julho) e de Nossa Senhora do Livramento (maio). Neste último município, de acordo com Oliveira (2010) o Congo tem origem na comunidade quilombola Sesmaria Boa Vida: Mutuca, em razão de localizar‐se próximo ao Ribeirão do Mutuca.

Oliveira (2010) argumenta que, o Congo guarda forte relação com o catolicismo popular e com a umbanda, se não com as práticas religiosas ou com as instituições, pelo menos com uma de suas representações iconográficas mais fortes: São Benedito. A existência de uma construção no centro de Livramento, a Casa São Benedito, tem algum significado para a comunidade, já que foi construída pelos próprios quilombolas num período em que os dançantes não participavam da missa. O autor prossegue em sua compreensão, ressaltando que, o santo padroeiro da festa, São Benedito, é o elemento principal que agrega todos os outros elementos, por ser o centro do evento, motiva e move os sujeitos envolvidos tanto para os aspectos logísticos, como para a coreografia e/ou para a música. Assim, nesta movimentação, toda a comunidade se articula em torno da festa em devoção ao santo padroeiro.

Referência: SILVA, Regina Aparecida da. Do invisível ao visível: o mapeamento dos grupos sociais do estado de Mato Grosso - Brasil. São Carlos: UFscar, 2011.
Disponível em: <https://onedrive.live.com/view.aspx?cid=17DC7D667214610D&resid=17DC7D667214610D%21343&app=WordPdf>.

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