Seringueiros

Incentivados pelas campanhas do governo brasileiro, os seringueiros enfrentaram o desconhecido da selva amazônica. As narrativas nos mostram que alguns deles chegaram aos seringais de MT, por volta de 1870. Nesta época, foram inúmeros conflitos entre os indígenas que ali residiam e os seringueiros que chegavam à região.

Mais de cem anos depois, em 1988, em um seringal distante dali, fazendeiros assassinaram o maior líder seringueiro do país: Chico Mendes. A semente tinha sido plantada e, cresceu em todo o país a discussão e a articulação da criação das RESEX.

Diante desses fatores, surge:

A proposta das reserva extrativistas como coroamento dessa identidade seringueira [...]. As reservas extrativistas se apresentam como um laboratório vivo, para a busca de um modelo de desenvolvimento que se faça com e a partir de populações que têm um saber efetivo de convivência com a floresta.

(PORTO‐GONÇALVES, 2001, p. 132).

Nos domínios da Amazônia em MT, os seringueiros vivem, particularmente, na RESEX Guariba Roosevelt, que é a única reserva extrativista do Estado. Eles são também conhecidos na região como beiradeiros, pois vivem às margens do rio Guariba e do rio Roosevelt, no município de Colniza, extremo noroeste do Estado.

A Associação dos Seringueiros do Guariba Roosevelt foi criada em 1993, surgiu da discussão inicial do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Aripuanã, conquistando o apoio de várias organizações e movimentos populares. Com isto, muitos passos importantes foram dados, sendo a maior conquista a criação da reserva extrativista que foi instituída pelo decreto Estadual n.o 952 de 19/06/96, com área de 57.630 ha (MATO GROSSO, 1999). Contudo, a demarcação da área não incluiu a maioria das colocações dos seringueiros, os quais ficaram fora da área da reserva, e até hoje, este povo vêm sofrendo pelo mau planejamento da reserva.

Compreendemos assim que, é urgente a ampliação da reserva em uma nova demarcação que contemple todas as colocações e as áreas de coletas de seringas, castanhas e óleo de copaíba. Sofrendo pela escassez do mercado da borracha e das alternativas de renda, os seringueiros percorrem pequenas trilhas abertas na floresta que lhes permitem o acesso às seringueiras nativas (Hevea brasiliense). Hoje, além da luta pela resistência da vida e de seus hábitos, os seringueiros lutam pela conservação de seus habitats, pois, até mesmo, as áreas protegidas vêm sofrendo constantes agressões, em particular, pelo impacto da exploração madeireira e pelas queimadas.

Referência: SILVA, Regina Aparecida da. Do invisível ao visível: o mapeamento dos grupos sociais do estado de Mato Grosso - Brasil. São Carlos: UFscar, 2011.
Disponível em: <https://onedrive.live.com/view.aspx?cid=17DC7D667214610D&resid=17DC7D667214610D%21343&app=WordPdf>.

Mapa


Veja o mapa completo