Os retireiros do Araguaia são pessoas que vivem em uma área úmida de beleza inigualável nas regiões de inundação do rio Araguaia, espraiando no verde do Cerrado mato-grossense, entre as casas de palha e o cotidiano de lutas^a. Sua identidade advêm por retirarem o gado da área afetada pela cheia das águas, colocando-os em pastos de fazendas alugadas e devolvendo-os na seca, para que os novos ciclos se reiniciem. Este movimento dinâmico envolve membros das famílias e das comunidades em ritmo e pausa da organização social, ligada ao compasso da natureza e, em rede constituem a celebração da vida. Todavia, padecem na época da cheia, quando o gado vive em terras estranhas, extraindo a escassa economia dos retireiros.

Desde 1999, os retireiros buscam a criação da Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mato Verdinho que favorecerá a autonomia do trabalho, possibilitando a demarcação de um território próprio para suas sobrevivências, lhes possibilitando uma vida digna por meio das escolhas democráticas e pela autonomia em gerenciar seus próprios ambientes. Assim, é urgente a criação desta área protegida, pois os fazendeiros continuam a invadir as várzeas e a expulsar os retireiros de sua legítima territorialidade.

O ecossistema local sofre outras ameaças como o desmatamento, a sobrepesca, o assoreamento, a dragagem do rio Araguaia para hidrovia e a construção de hidrelétricas que vem ameaçando não apenas as vidas humanas, mas toda a riqueza que a natureza compõe nesta paisagem das áreas úmidas.

Este grupo, retireiros do Araguaia, tem como uma das suas principais atividades a criação extensiva de gado nas áreas de pastagem nativa de Cerrado, na região de inundação do rio Araguaia. Os retireiros reconhecem o capim, que alimenta o gado, como maior aliado da sobrevivência local. As atividades econômicas sustentáveis dos retireiros, em função dos conhecimentos tradicionais de sua gente, favorecem a conservação da biodiversidade e da ecologia local.

Referência: SILVA, Regina Aparecida da. Do invisível ao visível: o mapeamento dos grupos sociais do estado de Mato Grosso - Brasil. São Carlos: UFscar, 2011.
Disponível em: <https://onedrive.live.com/view.aspx?cid=17DC7D667214610D&resid=17DC7D667214610D%21343&app=WordPdf>.

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